Quantos caminhos já trilhamos, mas ainda precisamos de mais um, aqui há o novo modelo de aprendizado, entendimento e transformação!
A JANELA DA ALMA
Maria de Fátiͦma


Mariana chegou até o espaço de terapia por indicação de uma pessoa sua amiga, que já fizera terapia comigo anos antes.
Vinha acanhada, cheia de dedos e cismas, achando que não poderia melhor a vida, porque não existia nenhuma condição para tal.
Desde cedo a vida não lhe dera nenhuma chance para sonhar, a sua falta de malícia e o coração imaturo a levou por caminho incerto e bem cedo ainda, menina de tudo, transformara-se em mãe.
Ela precisava de mãe e não tinha, pois essa partira no seu próprio nascimento, mas agora, alguém que ela sustinha nos braços é que exigia dela essa condição.
Contava atualmente com trinta anos, sua filha a metade disso, e ambas se debatiam em uma relação precária e mal interpretada de parte a parte.
Mariana sentia-se lesada por tudo e todos e jogava sobre a menina uma responsabilidade que ela mesma não teve, pelo medo de seu destino refletisse no destino da filha.
Estava só novamente, depois da segunda separação, não tinha forças, nem vontade para a tão falada virada grandiosa.
Veio e contou sua história triste como qualquer vítima faz, sabia que não me comoveria porque não estava sendo convincente nem mais para si.
No entanto a terapia que pratico não é uma terapia de milagres exteriores, é sim a terapia de milagres interiores, e é preciso que se queira realizar o milagre da cura.
Depois de ouvir tudo quanto eu tinha a dizer à uma cliente em situação equivalente, ela partiu, e eu fiquei contanto que entraria em contato em algum momento.
Mas ela voltou somente anos depois, quando muitos outros estragos já tinham sido feitos.
Tratou-se, fez um exame profundo em seus passos, todos eles, desta vida e de outros e compreendeu que nem tudo são flores, mas aqueles que cultivam jardins também são feridos pelos espinhos.
Não era sua história a única, porque todo ser vivente tem uma história de quedas e de levantar-se, dependeria do que ela pretendia do futuro o que deveria fazer hoje.
E mesmo com todo o medo e a nódoa que vestia seu ser, ela conseguiu sorrir algumas vezes e pelas sessões afora, ora ria, ora chorava, ora brigava com sua própria consciência, mas persistiu, manteve-se fiel e asi mesma e transformou o dia cinzento e silencioso em um dia de sol repleto de sons de pássaros e perfumes de flores.
Hoje está longe, mas manda um alô vez por outra.
